Apesar de a memória da criança ainda ser curta, quando algo acontece, o cérebro dela "tira uma foto" daquele momento.
Da próxima vez que ela tentar fazer a mesma coisa e você disser não, ela não entenderá o motivo da sua negativa e começará a se desesperar, porque ela se lembra da "foto".
E é exatamente isso que vocês chamam de birra: o desespero da criança por não ser compreendida.
Ela ainda não sabe manter uma conversa, ou ela até sabe, mas não consegue ao mesmo tempo lidar com as próprias emoções, com as frustrações do momento, e explode.
Ela reclama primeiro, mas como não tem o retorno esperado, ela grita. Se continuar sem retorno, ela vai ficando mais perdida, tentando te mostrar o que quer, e pode começar a bater, no intuito de você entender a mensagem, afinal, ela se lembra da "foto" e se questiona de "Por que dessa vez não pode?
Aí você, sem paciência e não sabendo mais o que fazer frente a essa situação, cede ao pedido da criança e "click!", o cérebro dela acabou de tirar outra foto. Agora ela entende que, todas as vezes que chora (ou bate, ou grita etc.), ela consegue o que quer.
Isso não é manipular, não é "personalidade forte", não é "fase" nem qualquer nome que você queira dar. Isso é lógica: a criança entende que é assim que ela tem que se comportar.
Então, o que era pra ser "uma vez na vida" começa a se repetir a ponto de a criança entender que as coisas acontecem assim, e aí vira processo, e ela acaba sempre esperando a mesma ação.
Como reverter isso? Sendo consistente. Apresente um novo processo e repita sempre. Só assim o cérebro da criança vai "tirar outra foto" que substitua aquela do passado.
"Mas, Camila, não posso ser flexível?" Não só pode, como deve, mas entenda que, até a criança atingir uma maturidade maior pra entender a situação (por volta dos 4 anos), essa flexibilidade pode confundir. Lembra da "foto"? Pois é, ela se lembrará da sua última ação. Então tudo bem ser flexível, mas não crie expectativas achando que "já está na hora de a criança aprender".
*Se a criança já é capaz de entender o "só por hoje" (o que acontece por volta dos 3,5 ou 4 anos), é só ter certeza de que ela entendeu o combinado e relembrar na próxima ocasião que ela reclamar: "Eu te expliquei antes, foi só aquele dia, lembra?"
Bons estudos 📚🌷 Camila Menon @educarepreciso
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